A vida não nos promete eternidade - Sobre quem somos através do tempo

Gabriel da Silva

7/1/20251 min read

Há um tempo atrás estava revisitando o meu Facebook e decidi excluir algumas fotos e posts antigos, parecia que mantê-los ali não era mais necessário. Me peguei relendo e analisando publicações e centenas de fotografias que datavam desde 2013

Aliás, arquivar fotos é uma de minhas manias. Parece que tenho um compromisso com o tempo e preciso guardar cada registro do que vivi, do que disse e do que me disseram. Sei lá, um jeito bobo de achar que posso guardar momentos de mim e para mim. Registros de quem eu sou

Mas, nessa tarefa de fazer uma limpa no meu Facebook, percebi que a maior parte dos arquivos que lá estavam já não dizem tanto sobre quem sou e o que vivo agora. É estranho

Claro que já havia me dado conta disso e, por muitas vezes,sentia culpa por não ser mais o mesmo, ou por não ser mais tão próximo de pessoas que fizeram parte do meu dia-a-dia e até olhar para um post e perceber que deixei de gostar de coisas que me eram muito significativas. Pensava que ao me “distanciar” de algumas coisas, estava deixando de ser quem eu era. Afinal, todos nós queremos saber quem nós somos para então assumir: “eu sou esse”

Hoje, dou-me conta que, para abraçar uma nova possibilidade de ser é preciso estar preparado para romper com o modo de ser que já consideramos familiar. Mesmo que esse rompimento não seja definitivo, pois sou o que sou e serei o que serei por conta daquilo que um dia já fui. Eu lembro que muitas vezes tive dificuldades de sustentar e compreender esta transição no tempo/modo de ser que se apresentava para mim

Nessa breve narrativa, da simples tarefa de revisitar antigos registros, percebi que achava que cada momento publicado seria eterno, e a vida não nos promete eternidade. Nós que temos a tendência de viver sem pensar na finitude das coisas e, em certa medida, precisamos disso